Uma Descoberta Inesperada no Egito Antigo
A múmia de Fred, que se encontra no Museu Egípcio de Turim, na Itália, tem desafiado a compreensão dos arqueólogos sobre os métodos de embalsamamento praticados pelos egípcios antigos. Com 5.600 anos, essa múmia bem preservada reescreve a história da mumificação, sugerindo que os egípcios já utilizavam técnicas avançadas de embalsamamento mais de 1.500 anos antes do que os cientistas imaginavam.
Este artigo explora como uma análise recente da múmia Fred alterou nossa visão sobre as práticas funerárias no antigo Egito, e o impacto dessa descoberta para o estudo da arqueologia egípcia.
Wikimedia Commons
A Descoberta da Múmia de Fred
A múmia de Fred foi descoberta há mais de 100 anos e está no Museu Egípcio de Turim desde 1901. Originalmente, pensava-se que essa múmia fosse um exemplo raro de preservação natural, causado pelo calor extremo do deserto. Contudo, novos estudos mostraram que Fred foi, de fato, embalsamado, e de uma maneira que remonta a um período muito anterior ao que se acreditava.
A Nova Pesquisa sobre o Embalsamamento Egípcio
Um estudo recente, publicado no Journal of Archaeological Science, revelou informações surpreendentes sobre o processo de mumificação utilizado para preservar Fred. Pesquisadores examinaram os fragmentos de linho que envolviam a múmia e uma cesta de tecido encontrada no sepultamento. Essa análise detalhada revelou que a pomada usada para embalsamar Fred era composta por óleo vegetal, resinas de coníferas, goma de planta e extratos de plantas aromáticas.
Esses ingredientes são notavelmente semelhantes aos usados em embalsamamentos realizados 2.500 anos mais tarde, durante o auge da civilização egípcia, que incluiu faraós como o famoso Tutancâmon.

Raffaella Bianucci, Universidade de Turim
Provas que Reforçam a Teoria do Embalsamamento Antigo
O estudo foi conduzido por uma equipe de arqueólogos, incluindo a egiptóloga Jana Jones, da Universidade Macquarie, na Austrália. Anteriormente, Jana havia encontrado fragmentos de roupas funerárias de um período semelhante ao de Fred, sugerindo que o embalsamamento já poderia ser uma prática egípcia desde muito antes da data prevista. Contudo, esses fragmentos não eram suficientes para convencer a comunidade científica.
Foi quando a equipe voltou sua atenção para Fred que conseguiram comprovar sua teoria. A análise dos restos mortais de Fred forneceu provas concretas de que a mumificação era uma prática estabelecida no Egito antigo muito antes do que se pensava. Como explica Jones à National Geographic, “Está confirmando nossa pesquisa anterior, sem dúvida”.
O Que Torna Fred Tão Importante?
A múmia de Fred é única por diversas razões. Primeiramente, ela foi encontrada em posição fetal, com todos os seus órgãos ainda intactos, o que contrasta com as técnicas mais conhecidas de embalsamamento egípcio, que envolviam a remoção dos órgãos. Essa diferença na técnica de preservação levanta questões sobre a evolução dos métodos de mumificação no Egito antigo.
No entanto, a descoberta da pomada usada para embalsamar Fred mostra que, apesar das diferenças nos procedimentos, as substâncias empregadas eram de fato muito semelhantes às utilizadas séculos depois.

Cristian/Flickr
Implicações para a História do Embalsamamento Egípcio
A descoberta de que o embalsamamento egípcio era praticado há 5.600 anos muda completamente o entendimento sobre o início das práticas funerárias no Egito. Até agora, os estudiosos acreditavam que o embalsamamento começara a se desenvolver por volta de 2.000 a.C., mas com a nova pesquisa, agora sabemos que ele estava em vigor muito antes disso.
Essa reinterpretação dos métodos de mumificação e de como a sociedade egípcia via a preservação dos corpos dos falecidos oferece novos insights sobre os rituais funerários e as crenças espirituais da antiga civilização egípcia.
Descubra Outras Múmias Bem Preservadas
A múmia de Fred é apenas uma das muitas descobertas fascinantes sobre o mundo das múmias antigas. O estudo de outras múmias bem preservadas, como a de Xin Zhui, na China, e a senhora de Ampato, no Peru, também fornece informações valiosas sobre como diferentes culturas preservavam os corpos. Cada uma dessas descobertas ajuda a desvendar mistérios históricos e a compreender as práticas funerárias de civilizações antigas.
Conclusão: Uma Nova Perspectiva sobre o Antigo Egito
O estudo da múmia de Fred abre novas possibilidades para a arqueologia e para a compreensão da história do Egito antigo. Essa descoberta não só desafia as ideias anteriores sobre o embalsamamento, mas também destaca a sofisticação das técnicas usadas pelos egípcios muito antes do que se imaginava. Fred, a múmia de Turim, se tornou uma peça chave no entendimento das práticas funerárias de uma das civilizações mais misteriosas e fascinantes da história.
Em seguida,