Arqueólogo diz que encontrou 'rosto de Deus' em figuras antigas

Arqueólogo diz que encontrou ‘rosto de Deus’ em figuras antigas

Curiosidades

A Descoberta de Estatuetas Antigas no Reino de Judá: A Teoria de Yosef Garfinkel sobre o “Rosto de Deus”

Recentemente, arqueólogos descobriram estatuetas de cabeça e outros artefatos em várias escavações em locais que uma vez pertenceram ao antigo Reino de Judá, que datam de cerca de 3.000 anos atrás. Essa descoberta causou um grande alvoroço, especialmente após o chefe do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yosef Garfinkel, sugerir que essas estatuetas poderiam representar o “rosto de Deus”. Embora essa teoria tenha gerado bastante debate, a ideia de Garfinkel provoca uma reflexão interessante sobre a história religiosa e cultural dos antigos israelitas.

Estatueta de cavaleiros

O post de Jerusalém Garfinkel argumenta que a Bíblia Hebraica descreveu Deus como um ‘cavaleiro’, fazendo a conexão com este cavalo com um cavaleiro invisível.

O Enigma das Estatuetas de Cabeça e a Possível Representação de Deus

Durante suas escavações, Garfinkel e sua equipe encontraram diversas estatuetas de argila, predominantemente masculinas, espalhadas por três locais distintos que correspondiam à região do antigo Judá. A característica que mais chamou a atenção de Garfinkel foi a semelhança das estatuetas com o que ele acreditava serem as características faciais de um ser humano: olhos, nariz e boca. Ele sugeriu que essas estatuetas poderiam ser representações físicas de YHWH, o tetragrama, ou seja, o nome de Deus segundo a tradição judaica. Essa teoria, se confirmada, indicaria que os antigos adoradores de Yahweh, o Deus de Israel, criaram representações visíveis da divindade, algo que é contraditório ao que a Torá proíbe explicitamente, ou seja, a idolatria.

Para os estudiosos e fiéis que seguem os preceitos da Bíblia, a ideia de representar Deus de forma física era um conceito absolutamente proibido. A Torá descreve explicitamente que Deus não deveria ser representado em imagens, o que levanta uma série de questões sobre a natureza dessas descobertas e suas implicações para a compreensão da religião do antigo Israel.

Site Khirbet

Shutterstock As cabeças de argila foram encontradas no local de escavação de Khirbet Qeiyafa.

O Contexto da Descoberta: Um Olhar Detalhado

A descoberta das estatuetas teve início em 2010, quando a primeira delas foi encontrada no sítio arqueológico de Kirbhet Qeiyafa. Garfinkel mencionou que, inicialmente, não havia paralelos para essas figuras, mas, com o passar do tempo, outras estatuetas semelhantes foram encontradas em Tel Moza e em coleções de museus, como a coleção Moshe Dayan no Museu de Israel. Essas novas descobertas, com características faciais como olhos e nariz, reforçaram a hipótese de que elas poderiam representar uma divindade, possivelmente Yahweh. A conexão com Deus, no entanto, se dá de uma forma peculiar: Garfinkel argumenta que na Bíblia Hebraica, Deus é, por vezes, descrito como um cavaleiro ou até mesmo como um “piloto”, em metáforas que associam a divindade a um ser com poder e controle sobre o destino humano.

No entanto, Garfinkel rejeitou a possibilidade de que as estatuetas representassem um rei, já que o conceito de monarquia não se encaixaria no contexto religioso de Judá da época. Ele sugere que, durante os reinados de Davi e Salomão, os israelitas poderiam ter produzido artefatos que tentavam capturar a essência divina, uma expressão da sua fé e uma tentativa de personificar o Deus de Israel.

A Relutância de Outros Arqueólogos: Rejeição da Teoria

Embora a teoria de Garfinkel tenha gerado grande interesse, vários especialistas têm uma visão crítica sobre suas conclusões. Os arqueólogos Oded Lipschits e Shua Kisilevitz, que lideram escavações em Tel Moza, refutaram a interpretação de Garfinkel, argumentando que ele desconsiderou informações cruciais e não considerou adequadamente o contexto dos achados. Além disso, um artigo de resposta que será publicado na próxima edição da Revisão da Arqueologia Bíblica expõe a falha metodológica na análise de Garfinkel e a falta de precisão factual nas interpretações feitas a partir dos artefatos.

Lipschits e Kisilevitz afirmaram que Garfinkel ignorou análises anteriores e não levou em conta as descobertas no templo de Tel Moza, que revelaram artefatos religiosos que sugerem práticas de culto que não estavam relacionadas à adoração direta de uma divindade personificada. Para eles, a ideia de que as estatuetas encontradas representavam uma imagem do Deus de Israel é, no mínimo, uma hipótese que carece de evidências sólidas.

Implicações para a Compreensão da Religião no Antigo Israel

A teoria proposta por Garfinkel levanta questões profundas sobre a prática religiosa no antigo Israel e sua relação com a idolatria. Se os israelitas, sob o reinado de Davi e Salomão, realmente criaram representações físicas de sua divindade, isso significaria que a linha entre adoração e idolatria poderia ter sido mais tênue do que muitas vezes se pensou. A Bíblia Hebraica reflete uma tradição monoteísta rigorosa, e a idolatria é constantemente condenada ao longo de seus textos. No entanto, as descobertas arqueológicas parecem sugerir que, pelo menos em alguns períodos da história antiga de Israel, havia uma prática religiosa mais flexível, que poderia ter incluído representações físicas de Deus, mesmo que essas práticas não fossem amplamente aceitas.

Uma Descoberta que Provoca Debate

As estatuetas de cabeça encontradas em sites antigos em Judá são mais do que simples artefatos arqueológicos; elas são um ponto de inflexão na compreensão da religião e cultura dos antigos israelitas. Embora as teorias de Garfinkel sejam controversas, elas fornecem uma nova perspectiva sobre como os primeiros israelitas poderiam ter entendido e representado o divino, uma visão que desafia algumas das ideias tradicionais sobre a religiosidade antiga.

Conclusão: O Debate sobre a Imagem de Deus

Embora os arqueólogos e estudiosos continuem a debater as conclusões de Garfinkel, uma coisa é certa: as descobertas em Kirbhet Qeiyafa e Tel Moza fornecem uma janela única para a vida religiosa e cultural dos antigos israelitas. A possibilidade de que os israelitas tenham tentado representar Deus fisicamente abre novas questões sobre o desenvolvimento do monoteísmo e da idolatria em uma época onde a identidade religiosa estava sendo moldada. O futuro das escavações e da pesquisa arqueológica poderá trazer mais informações que ajudem a esclarecer essas descobertas e seus significados mais profundos.


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