Plano Secreto para o Uso de Armas Nucleares Durante a Guerra do Vietnã: O Papel do General Westmoreland e a Reação de Johnson
Documentos recentemente desclassificados, divulgados pelo The New York Times, revelam que, em um dos momentos mais críticos da Guerra do Vietnã, o general William C. Westmoreland planejou o uso de armas nucleares no caso de uma derrota militar. Em 1968, durante a Batalha de Khe Sanh, um dos maiores e mais intensos confrontos da guerra, Westmoreland acreditava que a utilização de armas nucleares poderia ser uma resposta rápida para reverter a situação, caso os Estados Unidos e seus aliados estivessem em risco de perder a batalha.

Wikimedia Commons Geral do Exército William C. Westmoreland.
O Plano de Uso de Armas Nucleares: Operação “Fracture Jaw”
O plano, que ficou conhecido pelo codinome “Fracture Jaw”, foi aprovado pelo general Westmoreland e começou a ser implementado antes que o presidente Lyndon B. Johnson tomasse conhecimento da operação. A intenção era mover armas nucleares para o Vietnã do Sul, tornando-as prontamente disponíveis, caso fosse necessário usá-las para mudar o rumo da batalha em Khe Sanh, uma base estratégica que estava sendo cercada pelas forças inimigas.
Apesar do planejamento detalhado e da aprovação inicial, a operação foi rapidamente desmantelada após o presidente Johnson ser informado sobre ela. Walt W. Rostow, conselheiro de segurança nacional de Johnson, foi o responsável por alertar o presidente sobre o plano, enviando-lhe um memorando no qual descrevia a movimentação das armas nucleares e a decisão de Westmoreland. Johnson ficou extremamente irritado ao descobrir que uma resposta nuclear estava sendo considerada, especialmente em um momento em que ele estava tentando evitar uma escalada ainda maior do conflito.

10 de fevereiro de 1968, aviso do general William C. Westmoreland de que a operação “Jaw de fratura” seja acionada.
A Reação de Lyndon B. Johnson e o Desmantelamento da Operação
O presidente Johnson reagiu de forma enfurecida assim que soube da operação planejada. No mesmo dia em que o plano foi ativado, ele tomou medidas imediatas para interrompê-lo. Em um memorando direto e firme ao general Westmoreland, Johnson ordenou que todas as atividades relacionadas à “Operação Fracture Jaw” fossem suspensas e que nenhuma informação sobre o plano fosse divulgada a outros membros do governo ou do exército. O presidente também exigiu que Westmoreland fosse instruído a “desligar” imediatamente a operação, com a proibição de qualquer menção ao uso de armas nucleares na guerra do Vietnã.
Além disso, o comandante das operações americanas no Pacífico, o almirante Ulysses S. Grant Sharp Jr., emitiu uma ordem formal para que o plano não fosse avançado em nenhum momento, garantindo que a operação fosse completamente abortada. A resposta de Johnson foi uma clara demonstração do seu desejo de evitar a utilização de armas nucleares em um conflito que já estava sendo visto como uma tragédia em larga escala.

O Medo de Escalada e o Perigo de um Conflito Maior
A decisão de Johnson de vetar o plano de Westmoreland foi motivada por várias razões, com uma das principais preocupações sendo o risco de uma escalada do conflito, que poderia envolver outras potências nucleares e levar a uma guerra mundial. O presidente temia que o uso de armas nucleares no Vietnã do Sul pudesse desencadear uma reação de outros países, particularmente a União Soviética, que apoiava os vietcongues, e a China, que estava engajada em atividades militares na região. Além disso, Johnson queria evitar que os Estados Unidos se vissem envolvidos em uma guerra nuclear, algo que poderia ter consequências devastadoras não apenas para a região, mas para o mundo inteiro.
A Perspectiva dos Historiadores: A Importância da Decisão de Johnson
O historiador presidencial Michael Beschloss, autor do livro Presidents of War, enfatiza a importância da decisão de Johnson em impedir o uso de armas nucleares durante a Guerra do Vietnã. Ele acredita que, sem a intervenção direta do presidente, o cenário poderia ter sido muito diferente. “Temos que agradecê-lo por garantir que não houvesse chance no início de 1968 desse trágico conflito se destacar nuclear”, afirmou Beschloss. A decisão de Johnson de não permitir a utilização de armas nucleares na guerra, portanto, pode ser vista como um momento crucial para evitar um desastre de proporções globais.
A Reação dos Soldados no Vietnã
Apesar da grave situação que os soldados americanos enfrentavam em Khe Sanh, onde estavam cercados pelas forças inimigas, o uso de armas nucleares nunca chegou a ser uma realidade. Para os soldados no terreno, a existência do plano e sua subsequente anulação permaneceram desconhecidas por muito tempo. A operação secreta foi cancelada antes que qualquer menção ao uso de armas nucleares fosse feita publicamente ou chegasse ao conhecimento das tropas em combate.
O Legado do Plano de Westmoreland: Reflexões sobre o Uso de Armas Nucleares
Este incidente ressalta uma das questões mais complexas e polêmicas da Guerra do Vietnã: a disposição dos Estados Unidos em considerar o uso de armas nucleares em um conflito que já era, por si só, devastador. Embora o uso de armas nucleares tenha sido evitado, a simples ideia de seu uso durante uma guerra limitada levanta questões sobre os limites da guerra e as decisões que poderiam ter sido tomadas em momentos de desespero.
Este episódio também se insere em um contexto maior da Guerra Fria, onde o uso de armas nucleares era frequentemente considerado uma opção estratégica em conflitos de grande escala. A ameaça de destruição nuclear estava sempre presente durante a Guerra do Vietnã, e o incidente envolvendo o general Westmoreland e a operação “Fracture Jaw” é apenas um exemplo de como os líderes militares e políticos tentaram, por vezes, expandir as opções de guerra para incluir a ameaça de destruição em massa.

Conclusão: A Decisão de Johnson e as Lições da História
O veto de Lyndon B. Johnson ao uso de armas nucleares durante a Guerra do Vietnã é uma das muitas decisões cruciais que definiram seu legado como presidente. Embora o uso de armas nucleares tenha sido evitado, o incidente ilustra as tensões e dilemas enfrentados pelos líderes durante uma guerra tão complexa e controversa. A intervenção de Johnson para impedir que uma resposta nuclear fosse desencadeada pode ser vista como uma vitória para a diplomacia e a prudência em um momento de grande pressão, ajudando a evitar um conflito ainda mais devastador.
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