Novo Estudo Sugerem Como os Cães Se Auto-Domesticaram com os Humanos
De acordo com novos modelos matemáticos, a domesticação dos cães pode ter ocorrido não apenas com a ajuda dos humanos, mas também como um processo natural de “auto-domesticação” ao longo de milhares de anos. A pesquisa, publicada na Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, oferece uma nova perspectiva sobre como os lobos selvagens podem ter se transformado nos cães modernos.

Wikimedia Commons Um lobo cinza norte -americano, um descendente próximo dos lobos cinzentos que iniciaram a domesticação de cães.
O Debate sobre a Domesticação dos Cães
Há muito tempo, cientistas debatem como os lobos selvagens se transformaram em cães domesticados. Uma teoria popular sugere que os humanos participaram ativamente do processo, criando lobos seletivamente para traits desejáveis, como temperamento dócil. Por outro lado, a teoria da auto-domesticação sugere que os lobos começaram a se aproximar de assentamentos humanos para se alimentar dos restos de comida, levando ao processo de domesticação ao longo de milhares de anos, sem intervenção humana direta.
A nova pesquisa propõe que, sob as condições certas, os lobos poderiam ter se domesticado de forma independente ao longo de cerca de 8.000 anos. Isso acontece através de vínculos com os humanos, especialmente em períodos de escassez de alimentos.

Domínio público Um rastreamento em aquarela do arqueólogo Henri Breuli de uma pintura de cavernas representando um canido semelhante a um lobo, datado de 19.000 anos atrás.
Modelagem Matemática para Explicar a Auto-Domesticação
O modelo matemático utilizado pelos pesquisadores simula como os lobos se separaram dos seus parentes selvagens ao longo do tempo. Eles sugerem que os lobos menos agressivos, que se aproximavam das comunidades humanas em busca de alimentos, teriam se reproduzido entre si, criando gradualmente um novo grupo de lobos domesticados. Este processo de seleção natural poderia ter levado entre 8.000 e 10.000 anos para resultar nos cães modernos.
Os pesquisadores utilizaram modelos para estudar diferentes cenários, incluindo o comportamento dos lobos ao se acasalar com outros lobos mais domesticados ou com lobos mais agressivos. Os resultados indicaram que, sob condições específicas, a auto-domesticação era possível, mesmo sem intervenção humana direta.

Wikimedia Commons Um petróglifo antigo representando um cachorro poi havaiano.
A Teoria da Seleção Natural
A teoria da auto-domesticação apoia a ideia de que os lobos, ao se aproximarem dos seres humanos para obter restos de alimentos, poderiam ter gradualmente perdido características agressivas e desenvolvido traços mais sociáveis, tornando-se cães. Isso ocorreu ao longo de milhares de anos, com o tempo separando esses lobos dos seus parentes selvagens.
David Elzinga, ecologista matemático e co-autor do estudo, acredita que o uso de modelos matemáticos oferece uma nova maneira de entender o processo evolutivo. “Agora podemos ver, sob condições ideais, como a auto-domesticação dos lobos em cães seria viável”, disse Elzinga.

Wikimedia Commons Um pacote de lobos perseguindo um alce.
Intervenção Humana e a Contribuição ao Processo
É importante ressaltar que, embora a teoria da auto-domesticação seja convincente, muitos cientistas acreditam que o processo de domesticação dos cães envolveu uma combinação de fatores, incluindo a seleção humana. Em algum ponto da história, os humanos provavelmente desempenharam um papel mais ativo no processo de criação dos cães modernos, escolhendo lobos para caçar ou proteger os assentamentos humanos.

Wikimedia Commons Um lobo moderno carregando um quarto posterior do caribu.
Conclusão: Uma História Complexa e Multifacetada
A origem da domesticação dos cães é provavelmente mais complexa do que uma explicação simples de “auto-domesticação” ou “domesticação por intervenção humana”. Como os humanos e os cães compartilharam uma história tão longa e estreita, é possível que a verdade resida em uma combinação dessas duas abordagens.
Continue lendo sobre: Mesmo 2.000 anos atrás, os romanos antigos tinham cães ‘brinquedos’ como chihuahuas