Macacos Pré-Históricos: Uma Viagem Inusitada em Jangadas Naturais
A descoberta de fósseis antigos sugere que macacos pré-históricos viajaram por mais de 900 milhas em jangadas naturais. Esses achados, com cerca de 32 milhões de anos, revelam a inteligência e a adaptabilidade de espécies antigas. O estudo, realizado por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, acrescenta uma nova perspectiva sobre como os primatas chegaram à América do Sul.
A Viagem Surpreendente dos Macacos
Fósseis encontrados no Rio Yurúa, no Peru, revelaram a jornada de um primata agora extinto que viajou do continente africano para a América do Sul. Esse estudo, publicado na revista Science, sugere que uma espécie chamada Ucayalipithecus fez a travessia do Atlântico em jangadas de vegetação durante uma tempestade tropical. A habilidade dos macacos de sobreviver a esse longo trajeto pode ter sido devido ao seu tamanho pequeno, que os tornava menos dependentes de alimentos e água.

Erik Seiffer Digitalizações dos molares fossilizados descobertos na Amazônia.
O Contexto da Descoberta
Erik Seiffert, autor do estudo, descobriu dentes fossilizados de Ucayalipithecus nas margens do Rio Yurúa. Esses fósseis, datados de 32 milhões de anos, sugerem que os parapitécidos, um grupo de primatas agora extintos, habitavam a África antes de se espalharem pelo Atlântico. Além disso, as “jangadas” naturais, formadas por pedaços de terra que se separavam das costas durante tempestades severas, podem ter servido como ponto de partida para essa travessia.
A Inteligência dos Primatas
Embora os primatas modernos sejam conhecidos por sua inteligência, a descoberta mostra que suas espécies ancestrais também eram adaptáveis e engenhosas. “Macacos pequenos, como o Ucayalipithecus, tinham vantagem em situações extremas, pois necessitavam de menos comida e água”, explicou Seiffert.
A viagem dos primatas, de acordo com os pesquisadores, foi uma jornada desafiadora e perigosa. No entanto, a natureza engenhosa desses animais, capaz de usar “tapetes de vegetação” flutuantes como jangadas, mostra como a evolução favoreceu aqueles que se adaptaram a ambientes hostis.

Erik Seiffer Pesquisadores no Peru, perto da fronteira do Brasil, secando sedimentos ao sol nas telas básicas.
Implicações para a Biogeografia de Primatas
A descoberta de fósseis no interior da América do Sul, a cerca de 1.400 milhas da costa, tem implicações significativas para a biogeografia dos primatas. Os cientistas agora acreditam que esse tipo de dispersão entre continentes pode ter sido mais comum do que se pensava. Como afirmou Ellen Miller, paleoprimatologista, “Esta pesquisa muda a maneira como pensamos sobre a evolução e dispersão de primatas.”
O Impacto das Tempestades no Processo
As condições climáticas severas, incluindo tempestades tropicais, desempenharam um papel crucial na jornada dos primatas. Durante o final do Eoceno, quando o clima estava mais frio, os macacos enfrentaram ventos fortes e caos gerado por detritos. Mesmo assim, conseguiram atravessar o Atlântico em suas jangadas naturais, o que representa uma peça importante no quebra-cabeça da evolução.
Conclusão: Uma Perspectiva Nova sobre a Evolução dos Primatas
A pesquisa sobre Ucayalipithecus oferece uma nova visão sobre a biogeografia dos primatas e a maneira como algumas espécies conseguiram se dispersar por grandes distâncias. A descoberta de como esses macacos pré-históricos utilizaram “jangadas naturais” para atravessar o Atlântico reforça a ideia de que a evolução é cheia de surpresas.
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