Tecido roxo com fio de ouro encontrado na tumba antiga na França

Descoberta de Tecido de 1.600 Anos com Fios de Ouro na França: Símbolo de Status da Elite Antiga

Curiosidades

A Descoberta do Tecido Antigo em Autun

Em 2020, arqueólogos começaram escavações em um antigo cemitério em Saint-Pierre-L’estrier, na cidade de Autun, França, e fizeram uma descoberta impressionante: um sarcófago contendo um pedaço de tecido roxo, tecido com fios de ouro. O cemitério, que foi usado entre o século III e o V d.C., revelou muitos outros artefatos de prestígio, incluindo joias de ouro, alfinetes de âmbar e copos raros, sugerindo que muitos dos indivíduos enterrados ali eram membros de alta classe da sociedade da época.

O túmulo em questão, denominado “Túmulo 47”, revelou-se um marco para os arqueólogos devido à sua preservação excepcional. Dentro do sarcófago, o tecido roxo de 1.600 anos estava parcialmente intacto, com fios de ouro ainda visíveis, um sinal claro de sua importância e valor.

Enterro de Autun 47

Carole Fossurier/INRAPO sarcófago no enterro 47, onde o tecido foi descoberto.

A Cor Roxa como Símbolo de Status

No período em que a necrópole foi utilizada, a cor roxa era um símbolo de prestígio e poder. Historicamente, o roxo era associado à realeza e à elite, uma cor rara e difícil de produzir. Seu uso em roupas indicava riqueza e posição elevada na sociedade. Este tecido, que provavelmente foi uma mortalha ou túnica, envolvia o corpo de uma pessoa de grande status, reforçando a ideia de que os enterros na necrópole de Autun eram reservados para indivíduos importantes.

Os fios de ouro tecidos ao longo do pano indicam que o falecido não apenas pertencia à elite, mas também que seu enterro foi uma celebração de sua importância social. O uso do ouro, em combinação com o tecido roxo, é uma marca registrada da ostentação de poder e riqueza na antiguidade.

Enterro 47 Reconstrução

François Gauchet/INRAPUma ilustração do que o enterro 47 pode ter parecido 1.600 anos atrás.

A Extração e Restauração do Tecido

O processo de extração do tecido de 1.600 anos não foi simples. Os arqueólogos precisaram remover cuidadosamente o pano do sarcófago, enfrentando vários centímetros de sujeira acumulada. O tecido foi retirado em quatro bolos separados de terra, e os arqueólogos tomaram precauções para evitar que o tecido se desintegrasse ainda mais.

Para garantir a preservação, os arqueólogos refrigeraram os fragmentos do tecido por um ano, o que ajudou a evitar que o material se deteriorasse ou mofasse. Apenas depois de todo esse trabalho, os especialistas começaram a limpar os fragmentos com pinças, um processo meticuloso que durou mais de um ano.

Após a limpeza, os arqueólogos descobriram detalhes impressionantes, incluindo um possível padrão floral no tecido, o que sugere que o pano foi usado como parte de uma roupa de alta qualidade que envolvia o corpo do falecido.

Fios de ouro

Lucie Marquat/inrap O tecido roxo era tecido com fios de ouro.

A Importância Cultural e Histórica da Descoberta

A descoberta do tecido de 1.600 anos e outros artefatos na necrópole de Saint-Pierre-L’estrier fornece uma visão fascinante sobre a sociedade de Autun durante a antiguidade tardia. De acordo com o Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP), os itens encontrados testemunham a prosperidade da região na época e a importância do falecido enterrado naquele túmulo.

O tecido e os artefatos refletem uma sociedade que valorizava a ostentação e a distinção social, com roupas e acessórios que indicavam o status elevado de indivíduos importantes. O uso de ouro e cores raras como o roxo era uma prática comum entre a elite da antiguidade, e esse achado fortalece a compreensão dos rituais funerários e da moda da época.

Padrão de design de ouro automático

Fabienne Médard e F.G.Guuchet/INRAPO tecido contém contornos fracos de um possível padrão.

Exposição do Tecido no Museu do Quai Branly

Após anos de restauração, o tecido finalmente foi exposto ao público no Museu do Quai Branly, em Paris, oferecendo uma rara oportunidade de observar um artefato de tão longa data. A exibição permite que os visitantes explorem não apenas o tecido em si, mas também o contexto histórico e cultural no qual ele foi utilizado. O tecido roxo, com seus fios de ouro, agora brilha como um elo entre o passado distante e a compreensão moderna da antiga sociedade francesa.

A exposição está disponível até julho, e os arqueólogos esperam que ela atraia o interesse de estudiosos, historiadores e entusiastas de arqueologia, proporcionando uma oportunidade única de explorar a história através dos vestígios tangíveis de uma elite antiga.

Reflexões sobre o Status Social e o Legado da Moda Antiga

Esta descoberta de tecido não é apenas uma janela para a história funerária e social, mas também para as práticas de moda na antiguidade. A maneira como os tecidos eram usados como símbolos de poder e prestígio reflete uma tradição que perdura até os dias atuais, onde a moda ainda pode comunicar status social e identidade.

A pesquisa sobre o tecido e os outros artefatos da necrópole de Saint-Pierre-L’estrier oferece uma nova perspectiva sobre as complexas dinâmicas sociais da época, além de enriquecer a compreensão do impacto da moda como forma de distinção social. A preservação e o estudo desses objetos ajudam a conectar as gerações atuais com os ancestrais e suas práticas culturais.


Conclusão

A descoberta do tecido roxo com fios de ouro, agora em exibição no Museu do Quai Branly, revela aspectos fascinantes da sociedade antiga de Autun. Além de ser um exemplo impressionante de vestuário de elite, essa descoberta também ilumina os rituais funerários e as complexas estruturas sociais da época. Através deste achado, podemos compreender melhor a importância da moda como símbolo de status e riqueza, um fenômeno que continua a ser relevante até os dias de hoje.

 


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